quarta-feira, 30 de setembro de 2009

DESGASTO O ARO DO ANEL
COLOCO A PEDRA NO INGAÇO, A TEIA É O ÚNICO APOIO, ANTES SORRIA NO COPO DE ÁCIDO. LIVRE DAS IMPERFEIÇÕES A JÓIA CRUA.


escultura corporal / criação Edson Prata

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TRANSPASSAR CONTÍNUO
Nos fios dos cabelos e nas unhas
Alveólos, estômago e artérias
A paixão suspira ar gélido
Circula quase tonta sorrindo
Cargas e cargas
Doce e elétricas

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Choveu muito naquele ano

Ele adquiriu guelrras, aprendeu a equilibrar-se nas pedras limosas.
O som do ribeiro quando colide com as pedras é avassalador.Os pássaros em
bandos comem os frutos da ingazeira. Torvelinhos se formam na orla, espuma
de prata, espumando areia e outros gravêtos; teias de aranha costuradas com
fios de prata, ornam diversas espécies de arácceas. Seus olhos são ungidos
nesta profusão de cores. O sol generala o dia de graça e percepção além do
rebento de idéias etéreas, rebentos de sonhos galácticos, yogues concebem o
sonho revelado, navegam pelas ondas da anti-matéria. A noite nossos sonhos
espelham cenas fragmentadas do paraiso terrestre.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Aventuras de Ninguém e do Zôtro

         Ninguém  desbeiçou  por aí,  não  consertou  o fogão de lenha do seu casebre no
pé-de-serra,  cedeu território  para  assaúvas.  Além  da vacas que invadiram o terreno
e paparam seu pé-de-canã, feijão de corda e outras leguminosas. Babavam elas  entre
golpes  sobre as  "lábiadas",  compostas,  cambuquiras.  Após  tamanho  estrago elas
depositaram  sua  contribuição  bem  perto  da cerca viva. O saci fez muitas estrepolias
naquela  tarde   de  inverno, o  vento assovia  incessantemente,  é tempestade  que  se anuncia. O "Zôtro" não chegou a tempo, tem  vespeiro lá pras bandas da  porteira - não
cutuca - vespa é vespa, ora essa!. Diz que nunca tomou paracetamol, não sabe o que é
isso, sabe que pro sê ta bem, é só tomar chá de alfavaca com cidrão na hora de dormir
ou alumã na zonzeira  do digestivo.  O "Zôtro" é  sério como  ostra, mesmo assim tenta
dialogar com "Ninguém". Ah! esse tem idéias de  "Magritte"  que com sua arte reciclou seu universo.  Não é  lelé, vai inventando moda com a borra do café.    Gerencia a free-
montain. Comanda a entrada e saídas dos cupinzeiros.  Margaridas gigantes explodem por todos os lados da paisagem, amarelando o céu azul pálido. "Ninguém" ama o verde,
está cada dia mais silvestre. Quando vivia na cidade grande conviveu com banderantes
xavantes,  tucanos,  ipanemas  e  outros  teco-tecos.   Catava   bananas   no   Mercado Municipal e saia correndo. Só fazia traquinagens - Quando via Amâncio vagando pelas
ruas  da  Vila  Maria,  gritava:  - Amâncio peido,  Amâncio Peidoo!!!  Aquilo sim deixava
Amâncio  loco.   Depois   disso  "Ninguém"  corria  e  ao  mesmo  tempo  gargalhava  - engrossou  a  perna  de  tanto  correr. Levou muita taquarada e jogou muita pedra por cima do muro  sem saber  onde poderia   cair. Cortou muitas pipas da molecada.  Sua grande sorte é que não pipou. "Ninguém" não vai por ai (a toa) tem um propósito, uma meta,  uma física.  Agita-se as  partículas  de paina, algodoam o céu e flutuam na brisa.
A linha vai chegando no fim da lata e o progresso ainda coiceia a vida.

 

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Léque de Alucinações Em Prática


De resto o meu descaso com a lassidão que será. No século XXII não haverá pão nem são. Só sombras e tempo de sóbra para andar de pedalinho na riviera da tristeza. E por isso renuncio a tudo, ao átomo cabeça de  atum, a todos, ao mundo, tanto quanto ao vício atuante do pe(S)cado, e digo mais: -Ozório o duque foi pela estrada. - Ozório desta vez o chuveiro queimou. Ozório estão roubando o lábaro que ostentas, não sobrou nem o batom natural da verde mata, nem um restinho da nuance do capim.
(desenho  Arlindo Daibert)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PLÁCIDA

Valeu a pena ter sen        
                                     tido você.

    Dentro e fora
    arof e ortned.
    
    Minha vida flui

    gentilmente
    urge e cala
    iridescente.

Eu me rendo a minha brazilidade

Dissipam-se as nuvens com pés de chumbo, a tarde riscada com tornados de prata, ilumina o céu do Brasil.  Venta nas folhas rendadas das aráceas, estão a caçoar de mim as orquídeas moças. Eu me rendo a minha brazilidade. Os bezouros bezouram as zíneas. As carambolas, caramba, carambolam. Os abacateiros abacateiam. Meu coração verde acena para maritacas que  fazem revoadas, ao redor da araucária.          
Que o mundo material role
ao deleite dos escrotos,
com a inércia
e o cheiro de morto.
O sólido estado
congela ação
esfria a vontade
desintegra o poema
ao léo
poetas carentes.