quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Palavra de sabiá

foto Fabio Leoni

Minha casa
é espaçosa,
com telhado
entre galhos.
Com a linha fina
de teia de aranha
a sala do ninho
tem gravetos
bem amarrados.
O canto da saíra
alegria na mata.
Ela mora ao lado
no outro tronco.
Seu ninho é feito
com suas penas
e fios de linho.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Preservação / Espécie em extinção




Mar de tantas dependências.
O subir e o descer da maré.
Alhures
Encontr
___arei
poemas
    geo
métricos
serenado
argilosos.

                                 ilustr.Max Ernst

domingo, 27 de dezembro de 2009

Mal fio sô

Ma
fio
so


Félix no natale
no matare
seu animale

domingo, 13 de dezembro de 2009

na esquina com Max Ernst


Meu coração
se esfria,
de chofre
o vento bate
mais forte de frente.
A oração, uma nave.
Um zumbido sustenido
sem tempo zune único.
Sentir,
até penso,
apesar
do tropeço
eu traço,
Ruas, sinais, casas.
Chuva obtusa cai.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O corpo
catedral de ossos
elástico, dançante.
O membro
tem por hábito
o galope.
Doma a fúria
crescente.
Não vibra
é pulsante.
Aquieta o jorro
respira, quente
e hirto.
A cabeça
um tanto quântica
um tanto tonta
perde os sentidos

e fenece feliz.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

NO ESTALO


O inconsciente acaba
levando a gente
não sei pra onde
pra Jung pra Freud
pru Reich queosparta
sem dó lá nús cafundós

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

vick muniz

(a) pós (modernos)
O acordar diário
mono olhando o espelho
elétricoitado
com os olhos inchados
desafia a lâmina
com melancólico
cuidado

Desfila a vida manifesta
pronta, urgente a ser vivida
Sedenta



                         rio
(mesmo que custe alguns cortes)

  Apesar que tem
alguns lances
que fodem tudo.

entalado o orgulho
guela abaixo o caroço
o bagaço, o sapinho.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


 Ficaram muitos netos
dos escritos do Torquato.
A mensagem era eco
nos escritos do |Umberto.
Após/tolos/marujos
são escritos do Faustino.
Tufões/semântica/anjos
asas nos escritos do Murilo.

TEMPO SECU/LAR MOLHADO

FOR /MULAS
FÓRMULA ANTI-RUGAS
FÓRMULA ANTI-BALAS
NÂO FUME!
CARCAÇA NO SEGURO.


OS IMPOSTOS  SE RETRAEM
OS DISPOSTOS SE ATRAEM.



A PALAVRA QUE URRA
NÃO TEM MEDO DO TRANCO
A PALAVRA QUE ERRA
É A MESMA QUE CORTA A LÍNGUA.

quáquaraquaquá quem riu /



sábado, 10 de outubro de 2009

ALEGRIA


Compartilhando com leitores e amigos, a participação em 2010
na Antologia Carlos Drummond de Andrade - SESC Brasília.DF
Livro da Tribo Edição 2010.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

DESGASTO O ARO DO ANEL
COLOCO A PEDRA NO INGAÇO, A TEIA É O ÚNICO APOIO, ANTES SORRIA NO COPO DE ÁCIDO. LIVRE DAS IMPERFEIÇÕES A JÓIA CRUA.


escultura corporal / criação Edson Prata

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TRANSPASSAR CONTÍNUO
Nos fios dos cabelos e nas unhas
Alveólos, estômago e artérias
A paixão suspira ar gélido
Circula quase tonta sorrindo
Cargas e cargas
Doce e elétricas

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Choveu muito naquele ano

Ele adquiriu guelrras, aprendeu a equilibrar-se nas pedras limosas.
O som do ribeiro quando colide com as pedras é avassalador.Os pássaros em
bandos comem os frutos da ingazeira. Torvelinhos se formam na orla, espuma
de prata, espumando areia e outros gravêtos; teias de aranha costuradas com
fios de prata, ornam diversas espécies de arácceas. Seus olhos são ungidos
nesta profusão de cores. O sol generala o dia de graça e percepção além do
rebento de idéias etéreas, rebentos de sonhos galácticos, yogues concebem o
sonho revelado, navegam pelas ondas da anti-matéria. A noite nossos sonhos
espelham cenas fragmentadas do paraiso terrestre.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Aventuras de Ninguém e do Zôtro

         Ninguém  desbeiçou  por aí,  não  consertou  o fogão de lenha do seu casebre no
pé-de-serra,  cedeu território  para  assaúvas.  Além  da vacas que invadiram o terreno
e paparam seu pé-de-canã, feijão de corda e outras leguminosas. Babavam elas  entre
golpes  sobre as  "lábiadas",  compostas,  cambuquiras.  Após  tamanho  estrago elas
depositaram  sua  contribuição  bem  perto  da cerca viva. O saci fez muitas estrepolias
naquela  tarde   de  inverno, o  vento assovia  incessantemente,  é tempestade  que  se anuncia. O "Zôtro" não chegou a tempo, tem  vespeiro lá pras bandas da  porteira - não
cutuca - vespa é vespa, ora essa!. Diz que nunca tomou paracetamol, não sabe o que é
isso, sabe que pro sê ta bem, é só tomar chá de alfavaca com cidrão na hora de dormir
ou alumã na zonzeira  do digestivo.  O "Zôtro" é  sério como  ostra, mesmo assim tenta
dialogar com "Ninguém". Ah! esse tem idéias de  "Magritte"  que com sua arte reciclou seu universo.  Não é  lelé, vai inventando moda com a borra do café.    Gerencia a free-
montain. Comanda a entrada e saídas dos cupinzeiros.  Margaridas gigantes explodem por todos os lados da paisagem, amarelando o céu azul pálido. "Ninguém" ama o verde,
está cada dia mais silvestre. Quando vivia na cidade grande conviveu com banderantes
xavantes,  tucanos,  ipanemas  e  outros  teco-tecos.   Catava   bananas   no   Mercado Municipal e saia correndo. Só fazia traquinagens - Quando via Amâncio vagando pelas
ruas  da  Vila  Maria,  gritava:  - Amâncio peido,  Amâncio Peidoo!!!  Aquilo sim deixava
Amâncio  loco.   Depois   disso  "Ninguém"  corria  e  ao  mesmo  tempo  gargalhava  - engrossou  a  perna  de  tanto  correr. Levou muita taquarada e jogou muita pedra por cima do muro  sem saber  onde poderia   cair. Cortou muitas pipas da molecada.  Sua grande sorte é que não pipou. "Ninguém" não vai por ai (a toa) tem um propósito, uma meta,  uma física.  Agita-se as  partículas  de paina, algodoam o céu e flutuam na brisa.
A linha vai chegando no fim da lata e o progresso ainda coiceia a vida.

 

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Léque de Alucinações Em Prática


De resto o meu descaso com a lassidão que será. No século XXII não haverá pão nem são. Só sombras e tempo de sóbra para andar de pedalinho na riviera da tristeza. E por isso renuncio a tudo, ao átomo cabeça de  atum, a todos, ao mundo, tanto quanto ao vício atuante do pe(S)cado, e digo mais: -Ozório o duque foi pela estrada. - Ozório desta vez o chuveiro queimou. Ozório estão roubando o lábaro que ostentas, não sobrou nem o batom natural da verde mata, nem um restinho da nuance do capim.
(desenho  Arlindo Daibert)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PLÁCIDA

Valeu a pena ter sen        
                                     tido você.

    Dentro e fora
    arof e ortned.
    
    Minha vida flui

    gentilmente
    urge e cala
    iridescente.

Eu me rendo a minha brazilidade

Dissipam-se as nuvens com pés de chumbo, a tarde riscada com tornados de prata, ilumina o céu do Brasil.  Venta nas folhas rendadas das aráceas, estão a caçoar de mim as orquídeas moças. Eu me rendo a minha brazilidade. Os bezouros bezouram as zíneas. As carambolas, caramba, carambolam. Os abacateiros abacateiam. Meu coração verde acena para maritacas que  fazem revoadas, ao redor da araucária.          
Que o mundo material role
ao deleite dos escrotos,
com a inércia
e o cheiro de morto.
O sólido estado
congela ação
esfria a vontade
desintegra o poema
ao léo
poetas carentes.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

POEMA MARTELO

Ficar  vendo o estado precário
das vigas que colocamos em Brasília.
O poder da mídia mira/bolante.
Não sou um eleit(orto)
e sim um eleit(onto) brasileiro.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

As coisas estão sempre a coisificar
ficam coisando com a gente. Coisa
teiam aranhas no teto de cedrinho.
Cois e cais, Cóis e cais. Coisantes,
Coisadepois Cóis é!!!Cóis,CóisCóis
E   adelante  na  beira  do  rio ,  uma
placa com um aviso: Ói!!! as coisas
não estão pra peixe.
Tem dias em que tudo fica assim
tem dias que tudo fica assim, como uma tela de Remédios
Meta / língua
via
gem
A minha poesia
amostra
expressa
a ida rápida
a outros mundos.
Impressa cor.
Comovidas
as palavras gemem.
Escravo escrevo
grifo com o toco
de lápis
a nuvem
lápis lázzulli.
A minha poesia
tempesta ou tem festa
não é detrás
é após esse tempo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

no oco

No oco da poesia
brotam palavras ígneas
No oco da memória
espinhos viram flôres
No oco do jatobá
a fruta madura espera
No oco da cabaça
o tilintar da sementes
No oco da taquara
o saci flauta e assovia