sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Aventuras de Ninguém e do Zôtro

         Ninguém  desbeiçou  por aí,  não  consertou  o fogão de lenha do seu casebre no
pé-de-serra,  cedeu território  para  assaúvas.  Além  da vacas que invadiram o terreno
e paparam seu pé-de-canã, feijão de corda e outras leguminosas. Babavam elas  entre
golpes  sobre as  "lábiadas",  compostas,  cambuquiras.  Após  tamanho  estrago elas
depositaram  sua  contribuição  bem  perto  da cerca viva. O saci fez muitas estrepolias
naquela  tarde   de  inverno, o  vento assovia  incessantemente,  é tempestade  que  se anuncia. O "Zôtro" não chegou a tempo, tem  vespeiro lá pras bandas da  porteira - não
cutuca - vespa é vespa, ora essa!. Diz que nunca tomou paracetamol, não sabe o que é
isso, sabe que pro sê ta bem, é só tomar chá de alfavaca com cidrão na hora de dormir
ou alumã na zonzeira  do digestivo.  O "Zôtro" é  sério como  ostra, mesmo assim tenta
dialogar com "Ninguém". Ah! esse tem idéias de  "Magritte"  que com sua arte reciclou seu universo.  Não é  lelé, vai inventando moda com a borra do café.    Gerencia a free-
montain. Comanda a entrada e saídas dos cupinzeiros.  Margaridas gigantes explodem por todos os lados da paisagem, amarelando o céu azul pálido. "Ninguém" ama o verde,
está cada dia mais silvestre. Quando vivia na cidade grande conviveu com banderantes
xavantes,  tucanos,  ipanemas  e  outros  teco-tecos.   Catava   bananas   no   Mercado Municipal e saia correndo. Só fazia traquinagens - Quando via Amâncio vagando pelas
ruas  da  Vila  Maria,  gritava:  - Amâncio peido,  Amâncio Peidoo!!!  Aquilo sim deixava
Amâncio  loco.   Depois   disso  "Ninguém"  corria  e  ao  mesmo  tempo  gargalhava  - engrossou  a  perna  de  tanto  correr. Levou muita taquarada e jogou muita pedra por cima do muro  sem saber  onde poderia   cair. Cortou muitas pipas da molecada.  Sua grande sorte é que não pipou. "Ninguém" não vai por ai (a toa) tem um propósito, uma meta,  uma física.  Agita-se as  partículas  de paina, algodoam o céu e flutuam na brisa.
A linha vai chegando no fim da lata e o progresso ainda coiceia a vida.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário